Uma organização com cultura de aprendizagem é definida por muitos como uma empresa que se preocupa e incentiva os colaboradores a estarem em constante aprendizado, participando de cursos e workshops, por exemplo. Há muitas empresas que recompensam por essa dedicação e, assim, alimentam esse hábito nos colaboradores.
Acredito que isso sim faz parte de uma cultura de aprendizagem, mas depois de alguns anos trabalhando com isso, vejo que vai muito além.
Me peguei refletindo sobre esse conceito abstrato, assim como o de cultura organizacional. A cultura não é algo estipulado por um board e imposto na organização. A cultura é algo construído pelos próprios colaboradores, sejam da base e/ou da liderança, é algo vivido e disseminado com naturalidade dentro das empresas. E por que a cultura de aprendizagem seria diferente disso?
Hoje, nesse universo onde o conhecimento é o mais valioso bem e a habilidade de “aprender a aprender” é essencial para não estagnar, uma empresa com cultura de aprendizagem forte é o sonho ou mesmo a necessidade de tantas organizações.
Após algumas reflexões e aprendizados, digo que uma cultura de aprendizagem existirá se estiver em cima de 3 pilares: o recrutamento e a seleção, a liderança e os processos e tecnologia.
Para mim, necessariamente é preciso começar com o primeiro deles. Muito mais que a tecnologia utilizada ou o valor investido, as pessoas que fazem parte do quadro de funcionários serão decisivas nessa construção. Por isso, uma cultura de aprendizagem se inicia no recrutamento e seleção.
Precisamos de pessoas interessadas, pessoas dispostas a se reinventar e melhorar o que não está 100%. Essa, sem dúvida, é uma habilidade desenvolvível (como acredito que todas sejam), mas não há dinheiro ou shows pirotécnicos durante um processo de aprendizagem que façam uma pessoa aprender se ela simplesmente não quiser. Por isso bato na tecla da predisposição. Se contratarmos pessoas com esse “q” a mais, estaremos vários passos à frente na busca de ser uma empresa que não para, que está sempre inovando e se superando. Por isso, atenção a forma como apresenta a vaga para o mercado, como desenha o perfil dela e como se realiza o processo seletivo. Se isso é relevante para a organização, não faça de qualquer jeito.
O segundo pilar é a liderança. Já passamos pela primeira etapa e temos pessoas engajadas e com a tal predisposição ao aprendizado. Do outro lado, temos líderes que não exigem isso dos seus colaboradores, não estimulam o compartilhamento de novos aprendizados, não dá tempo e nem incentivo aos seus funcionários. Nesse cenário, a reação esperada do time é cair na zona de conforto e apenas seguir o fluxo. Pronto, cultura de aprendizagem enfraquecida ou inexistente. Caminhamos para o terceiro pilar que será importantíssimo dependendo dos dois primeiros fatores: quem faz parte da organização e como são guiados pelos líderes.
Os processos e tecnologia. Quantas empresas possuem uma universidade corporativa ou área de treinamento bem estruturada? Quantas investem em gamificação? Quantas avaliam seus colaboradores nessa competência? Com essas questões, já falei de alguns processos que suportam uma cultura de aprendizagem: investimento em treinamentos, uma plataforma chamativa, uma boa curadoria de conteúdos, uma avaliação de desempenho que se leva em consideração essa competência, um programa de incentivos gamificado para estimular esses colaboradores, reconhecimentos, flexibilidade de horário, etc. Tudo isso é muito bem vindo e faz muito sentido quando se busca por uma cultura de aprendizagem forte e perene, mas sem dúvida será um investimento jogado fora caso não se tenha pessoas de perfil “aprendedor” e uma liderança com perfil incentivador.
E aí? Como você avalia a cultura de aprendizagem da sua empresa? Ela já existe? está caminhando em qual direção?